quarta-feira, 22 de julho de 2009



Reconhecimento à Loucura Já alguém sentiu a loucura vestir de repente o nosso corpo?Já.E tomar a forma dos objectos?Sim.E acender relâmpagos no pensamento?Também.E às vezes parecer ser o fim?Exactamente.Como o cavalo do soneto de Ângelo de Lima?Tal e qual.E depois mostrar-nos o que há-de virmuito melhor do que está?E dar-nos a cheirar uma corque nos faz seguir viagemsem paragemnem resignação?E sentirmo-nos empurrados pelos rinsna aula de descer abismos e fazer dos abismos descidas de recreio e covas de encher novidade?E de uns fazer gigantese de outros alienados?E fazer frente ao impossível atrevidamente e ganhar-Ihe, e ganhar-Ihea ponto do impossível ficar possível?E quando tudo parece perfeitopoder-se ir ainda mais além?E isto de desencantar vidasaos que julgam que a vida é só uma?E isto de haver sempre ainda mais uma maneira pra tudo?Tu Só, loucura, és capaz de transformar o mundo tantas vezes quantas sejam as necessárias para olhos individuais Só tu és capaz de fazer que tenham razãotantas razões que hão-de viver juntas.Tudo, excepto tu, é rotina peganhenta. Só tu tens asas para dara quem tas vier buscar




José de Almada Negreiros in Poemas

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