terça-feira, 25 de agosto de 2009


Uma nota extraviada do cartão de crédito ou uma mensagem eletrônica desgarrada no computador da sua casa teria dado fim a tudo: o casamento, a posição na carreira, a reputação de decência construída por toda vida.
Assim por mais de 10 anos, ele arduamente manteve as suas duas identidades separadas: uma delas vivia num povoado de Westchester e trabalhava num escritório em New York, e a outra atuava basicamente em clubes, aeroportos, bares e bordeis. Uma delas cumprimentava entusiasticamente os clientes e acenava para os vizinhos, algumas vezes apenas horas depois da outra voltar de um encontro de trabalho com prostitutas ou traficantes de cocaína.
No fim, foi um inocente pop-up de propaganda para um software de segurança no computador de casa, dizendo que a sua vida estava sendo monitorada continuamente que colocou este incorporador de New York em pânico e o levou para o terapeuta.


A vida dupla de um homem é um exemplo extremo de como a angustia mental pode cindir a identidade em pedaços, disse o psiquiatra, Dr. Jay S. Kwawer, diretor de educação clinica no Instituto William Alanson White em New York.


Mas os psicólogos dizem que a maioria dos adultos normais está apta a iniciar uma vida secreta, e mesmo mantê-la. A habilidade de guardar um segredo é fundamental para o desenvolvimento social saudável, eles dizem, e o desejo de experimentar outras identidades - reinventar a si mesmo, fingir – pode durar bastante na idade adulta. E, nos últimos anos, os pesquisadores descobriram que algumas das mesmas capacidades psicológicas que ajudam muitas pessoas a evitar o sofrimento mental podem também colocá-las em elevado risco pela manutenção de atividades secretas prolongadas.


Eu acho que o que as pessoas estão fazendo agora na Internet,” ela disse, “tem implicações psicológicas profundas em termos de como elas estão usando identidades para expressar problemas e potencialmente resolvê-los numa região livre de conseqüências.”


“Era comum você viajar no verão e ser alguém diferente, ir a um acampamento e ser alguém diferente, ou ir para a Europa e ser alguém diferente” disse a Dra. Sherry Turkle, uma socióloga do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Agora, ela disse, as pessoas assumem costumeiramente diversas alcunhas na Internet, sem jamais ter deixado a sua cadeira: o vendedor de porta vizinha pode assinar como bill@aol.com mas também cruzar as salas de bate-papo como Armaniguy, Cool Breeze e Thunderboy.
Muito recentemente, a Dra. Turkle estudou o uso de jogos interativos online como Sims Online, aonde as pessoas estabelecem famílias e comunidades. Ela entrevistou cuidadosamente cerca de 200 jogadores regulares ou ocasionais, e disse que muitas pessoas usam os jogos como uma maneira de estabelecer as famílias que eles desejariam ter, ou pelo menos viver versões alternativas de suas próprias vidas.

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